A RN 203, mais conhecida como Estrada da Produção, não foi concluída
por falta de verbas, mas de vontade política. Esta foi a conclusão a que
chegaram os participantes da audiência pública realizada esta manhã
(14) na Assembleia Legislativa (ALRN) por iniciativa do deputado Gustavo
Carvalho (PROS). Os deputados mostraram documentos que comprovam que a
obra foi listada como prioridade em três empréstimos solicitados pelo
Executivo e já aprovados pela Casa.
O primeiro empréstimo foi para a realização de obras do Pró Investe 1.
Depois a Estrada da Produção voltou a ser listada pelo governo nos
projetos Pró Investe 2 e RN Sustentável. Caravanas de prefeitos,
vereadores e lideranças de municípios das regiões Seridó e Oeste
compareceram ao debate e mencionaram as grandes dificuldades dos
municípios, que estão isolados geograficamente e arcam com dificuldades,
como, por exemplo, o alto custo do escoamento da produção, o perigo de
dirigir na região serrana, além de entraves na hora em que é necessário
transportar pacientes em estado grave para Natal.
Uma das decisões dos participantes foi a criação de uma comissão
integrada pelos deputados e prefeitos para conversar com representantes
do Executivo do RN. Também será elaborado e encaminhado ao governo o
documento informando que os recursos para a obra já estavam assegurados
nos três empréstimos que a Casa aprovou. O documento também irá repudiar
o fato do governo não ter enviado um técnico do Departamento de
Estradas e Rodagens (DER) para dar explicações sobre a paralisação da
obra. Com este documento, a comissão também pretende provocar o
Ministério Público (MPE RN) de todos municípios relacionados à Estrada
da Produção.
Gustavo Carvalho considera que mesmo sem qualquer justificativa de
técnicos do governo, o debate foi bastante positivo. “Apesar da
indignação pela ausência marcante do governo que está se tornando
tradicional em todas as questões, a audiência foi muito positiva. O
governo é ausente, não escuta e se distancia cada dia mais da sociedade.
E espero que a gente dê uma resposta às regiões do Seridó e do Potengi
como o governo não tem dado”, disse. A deputada federal Fátima Bezerra
(PT), além dos estaduais Márcia Maia (PSB), Fernando Mineiro (PT),
Hermano Morais (PMDB) e Gilson Moura (PROS) também reforçaram o pleito.
O vereador Zeca Araújo dirigiu-se cedo a capital para participar do encontro juntamente a comitiva integrada por demais parlamentares e autoridades do município.
Estrada
As obras da RN 203 foram iniciadas no ano de 2010, no final do governo
Wilma de Faria. Foram construídos apenas 10 Km da estrada, que irá
beneficiar diretamente 20 municípios, ou mais de 195 mil habitantes. Irá
abreviar em 140 Km o percurso que liga a Serra de Santana, no Seridó, a
Natal. Entre os municípios beneficiados estão Currais Novos, Cerro Corá, Tenente
Laurentino, Bodó, Parelhas, Santana do Matos, Barcelona, Rui Barbosa,
Lagoa de Velhos, São Pedro, Senador Elói de Souza, São Paulo do Potengi,
Riachuelo, Santa Maria, Bom Jesus.
Quando finalizada, a Estrada da Produção vai permitir o escoamento de
produtos importantes para a região, como caju, castanha, pinha,
maracujá, jaca manga, farinha de mandioca, hortaliças, entre outros,
além de potencializar o ecoturismo e o turismo de inverno que já vem
sendo desenvolvidos na Serra de Santana.
“Uma obra dessas era para ser continuada, porque pertence ao Estado e
não a uma gestão. Cada governo que chega tem que dar continuidade às
outras administrações, nós merecemos pelo menos as explicações, mas
infelizmente não tem nenhum representante do governo”, disse Márcia
Maia.
O prefeito de São Paulo do Potengi, José Leonardo Cassimiro de Araújo,
Naldinho, disse que os produtores estão perdendo dinheiro. “Esse longo
percurso para escoar a produção encarece os custos de produtos que
poderiam chegar mais baratos na cesta do consumidor. A gente precisa que
aconteça esse ano, pois as estradas também oferecem perigo”, disse.
O deputado Fernando Mineiro listou os empréstimos nos quais a Estrada
da Produção estava mencionada. “Temos a prova de que não é um problema
técnico, porque o projeto foi feito, tanto é que foi licitado. Também
não é orçamentário, porque esta no orçamento, esteve no passado e está
no orçamento desse governo. Aprovamos três empréstimos e em todos foram
usados o argumento da RN 203. Estou convencido de que não veio ninguém
para não ser desmoralizado com a justificativa falsa de que não há
recursos”, disse.
Fonte: Assessoria de Imprensa - Assembleia Legislativa